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Onde está a dignidade árabe?
Editorial da União Palestina da América Latina - UPAL
Por Administrador
Publicado em 13/09/2025 13:00
Novidades

 

A charge que circula hoje na mídia árabe mostra Netanyahu encostado despreocupadamente no mapa do mundo árabe, segurando uma bomba como se estivesse segurando um troféu. É uma imagem dolorosa, mas que reflete a realidade de forma crua: a soberania árabe tornou-se palco de zombaria, reduzida a um espaço onde o colonizador se permite humilhar nações inteiras sem medo de consequências.

A pergunta que surge inevitavelmente é: onde está a dignidade árabe?

Enquanto a Palestina é despojada dia após dia, enquanto Gaza sofre genocídio à vista de todos, enquanto Jerusalém é sufocada por assentamentos ilegais e a Cisjordânia é transformada em uma prisão a céu aberto, os governos árabes parecem ter escolhido a indiferença ou, pior ainda, a cumplicidade. A charge não é um exagero: Netanyahu se sente dono da região porque sabe que, além de discursos vazios, não há uma resposta firme daqueles que deveriam ser os garantes da justiça e da solidariedade.

A dignidade árabe não pode ser reduzida a palavras vazias em cúpulas diplomáticas. Nem pode ser aprisionada em acordos comerciais ou normalizações vergonhosas que apenas fortalecem o opressor. A dignidade árabe deve ser traduzida em ações: defesa política, pressão econômica, unidade estratégica e, acima de tudo, apoio real ao povo palestino que resiste em condições desumanas.

O povo árabe, em sua essência, continua a sentir a ferida da Palestina como sua. É o povo que vai às ruas, que levanta bandeiras, que se lembra de que a causa palestina não é uma questão local, mas o próprio cerne da dignidade árabe. No entanto, entre a vontade do povo e a inação dos governos, abre-se um abismo que Netanyahu e seu regime exploram para consolidar seu projeto colonial.

Hoje, mais do que nunca, é urgente recuperar essa dignidade. Não se trata de gestos simbólicos, mas de ações que fazem tremer aqueles que desprezam as nações árabes: boicotes efetivos, rompimento de relações com o ocupante e criação de uma frente unida que transcende os interesses individuais de cada regime e abraça a causa palestina como a essência da identidade árabe.

A charge é um espelho desconfortável: mostra como toda a região foi reduzida a um divã para o descanso do usurpador. Mas também é um chamado: a dignidade árabe está viva, latente na memória histórica e no clamor popular. Basta que os que estão no poder a reivindiquem com a coragem que a hora exige.



Editorial – UPAL (União Palestina da América Latina)
12 de setembro de 2025

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