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Um decreto para perpetuar o poder e silenciar o povo palestino
Editorial da União Palestina da América Latina - UPAL
Publicado em 27/10/2025 18:10
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O recente anúncio de Mahmoud Abbas, emitindo um "decreto constitucional" concedendo ao vice-presidente do Comité Executivo da OLP a autoridade para assumir temporariamente a presidência da Autoridade Palestina em caso de vacância, representa uma nova tentativa de fortalecer o controle político dentro de uma estrutura ultrapassada e sem legitimidade popular.


Este acto, longe de ser uma medida institucional, é uma manobra desesperada de alguém que permanece no poder há duas décadas sem eleições presidenciais ou legislativas, enquanto a ocupação sionista continua a sangrar a Palestina e as prisões israelitas abrigam milhares de presos políticos.


Abbas busca garantir a continuidade de seu círculo, impedindo qualquer possibilidade de renovação democrática ou de uma liderança genuinamente representativa do povo palestino. A fórmula de "Vice-Presidente do Comité Executivo da OLP" nada mais é do que uma fachada legal para manter o controle nas mãos da mesma elite que coopera com a ocupação por meio da infame "coordenação de segurança".


Enquanto Gaza resiste ao cerco e a Cisjordânia sofre com a expansão dos assentamentos e a repressão diária, a chamada Autoridade Palestina dedica os seus esforços à preservação de posições, à selagem de pactos internos e ao silenciamento de todas as vozes dissidentes. Este decreto não busca a estabilidade institucional, mas sim a continuação da subjugação política e económica que Israel exige da sua administração colaboradora em Ramallah.


A verdadeira autoridade palestina emana da resistência, do povo que não se rende nem negocia a sua liberdade. Não de uma mesa cercada de privilégios e silêncio. A OLP deve retomar o seu papel histórico como representante legítima de todos os palestinos, dentro e fora da pátria ocupada, dando voz aos refugiados, prisioneiros, mártires e à diáspora.

Nenhum decreto imposto de cima será capaz de deter o despertar popular ou ocultar o vácuo moral e político de uma liderança cansada. A Palestina não precisa de "substituições administrativas"; precisa de libertação, unidade e eleições verdadeiramente livres sob uma única bandeira: a da dignidade e da resistência.



União Palestina da América Latina – UPAL


27 de outubro de 2025




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